“Ser consciente da própria personalidade e agir
sem medo do julgamento dos outros”.
É muito mais do que uma simples definição: é
conhecer a si mesmo, é ser livre das expectativas e dos julgamentos, é
encontrar o próprio talento e não ter medo de expressa-lo. Somente assim
poderemos ser felizes...
Muito se escreve sobre Autoestima, mas sabemos
de verdade do que se trata? Hoje, nesse momento da nossa vida, podemos afirmar que
temos uma boa Autoestima? Quantas vezes acontece, quando as coisas estão indo
bem por exemplo, no trabalho, de nos sentirmos felizes, enquanto que no dia
seguinte, de repente, por causa de uma discussão com o chefe, é como se o mundo
acabasse? Isso acontece porque damos muito mais valor ao nosso desempenho, ao
poder que possuímos, aos agrados ou as criticas que recebemos dos outros, aos
resultados que conseguimos, mas a Autoestima não tem nada a ver com isso.
Podemos defini-la assim:
- a conscientização de ter valor independente
do que fazemos, das atitudes que tomamos
e do
que os outros dizem de nos;
- a somatória das capacidades internas, dos
relacionamentos com os outros baseados
na
profunda e intensa percepção de nos mesmos, que se manifesta através de atos
em
sintonia com a nossa essência, por como ela é, aqui e agora;
- a capacidade de nos colocarmos de forma
complementar aos acontecimentos, sem por
isso,
nos sentirmos a mercê deles;
- a capacidade de
mudar de postura e pensamentos, compatível com a nossa evolução e
crescimento.
Os 5 Alicerces da
Autoestima:
1) Conhecer a si
mesmo: desenvolver a capacidade de se desprender das coisas materiais, vivendo
a sensação de intenso e intimo bem estar, independente dos fatores externos;
2) Conhecer o
Universo: viver em equilíbrio consigo e com o mundo, sem passar o tempo se
questionando sobre o porque vive ou sofre, mas “dançando conforme a musica” sem
julgamentos, aproveitando o máximo do que a vida tem de bom a oferecer;
3) Ser consciente:
não viver seguindo princípios morais pré-definidos, mas estar presente ao que
acontece ao seu redor, agindo conforme o momento e o bom senso, sem pré-julgamentos:
dessa forma nos regeneramos e nos reconstituímos permanentemente;
4) Ser livre: Viver
livre dos rótulos, dos pré-conceitos, das ideologias e dos valores
pré-concebidos; ter liberdade com as paixões, com os sentimentos para que sejam
vividos de forma ativa e não passiva; ter liberdade para consigo mesmo;
5) Encontrar o
próprio talento: desenvolver a capacidade de se renovar e de se recriar:
aproveitar a própria criatividade em tudo aquilo que se faz, tanto nas coisas
mais simples, como nas atividades mais complexas.
A Autoestima não se
cria: ela se desenvolve a medida do nosso crescimento, da nossa idade e do
especifico momento no qual estamos vivendo.
Percebemos até aqui
que a Autoestima é um conjunto de conscientização e ação: a Autoestima se
modifica naturalmente em função das nossas experiências e pode variar para mais
ou para menos após situações especificas, como uma promoção, uma vitoria, uma
perda, um luto, etc.: é uma onda em constante movimento. É natural que a
Autoestima mude com a idade e com o sexo das pessoas. As causas e as situações
que podem provocar uma baixa Autoestima, são diferentes se estamos falando de
um adolescente que concluiu os estudos e que está entrando no mundo dos
adultos, ou se falamos de uma mulher em idade de se aposentar que precisa
reorganizar o tempo e as atividades antes ocupadas pelo trabalho. Cada momento
da vida, solicita ao individuo competências especificas: acabar os estudos, se
separar da família de origem, realizar-se profissionalmente, constituir uma
nova família, ser pai, são alguns exemplos. Cada um desses momentos possui
também armadilhas, ou seja, situações e problemas que, se mal vividos, podem
gerar baixa autoestima e mal estares que podem se arrastar por muito tempo.
Vamos avaliar a
seguir, a Autoestima nas varias fases da vida: adolescência, juventude,
maturidade e terceira idade.
Adolescência: é o
período mais delicado, é a passagem do mundo infantil para o mundo adulto. O
aspecto físico representa nesse período o aspecto mais importante para o jovem.
A voz para os meninos e as primeiras curvas para as meninas são somente dois
exemplos das fantásticas modificações do organismo.Se mal vividas, podem
condicionar piorando a Autoestima ou pior ainda, se transformar em fobias muito
graves sobre o próprio corpo. Um outro problema é o isolamento no qual frequentemente o adolescente se sente confinado: acredita que os seus problemas
sejam os mais complicados do mundo, ninguém pode ajudá-lo, também porque os
adultos são vistos como se estivessem do outro lado da barreira: uma relação de
completa e total competitividade com o mundo e com si mesmo. A vezes aqueles
adolescentes mais sensíveis e mais tímidos correm o risco de serem isolados do
resto do grupo e isso pode se transformar em um problema difícil de ser
superado, sendo que se o adolescente
pudesse ser melhor orientado e acompanhado, essa fase seria rapidamente superada. Nessa idade os
adolescentes avaliam o próprio valor em base a capacidade de “ficar” com os
outros, de ter as primeiras relações sentimentais e os que tem mais dificuldade
podem se sentir menosprezados. A sociedade , a família, o mundo em geral geram
uma expectativa acima do normal sobre o que fazer da vida, sobre qual carreira
seguir e a ansiedade que isso cria em alguém em fase de descoberta e de autoconhecimento pode fazer com que sejam feitas escolham sem muita convicção
com consequências péssimas sobre a Autoestima.O adolescente se enxerga no
espelho com um corpo de um adulto e imagina poder “tudo”, mas na hora de por em
pratica, a imaturidade e a falta de experiência gritam mais forte e muitas
vezes ele se frustra; a consequência disso pode ser uma energia demasiada que
não consegue ser posta para fora de forma natural e isso alimenta uma agressividade
natural , desencadeando uma raiva que não consegue ser canalizada de forma
construtiva. Ficar vermelho, ruborizar enquanto se conversa com alguém, muitas
vezes é o reflexo inconsciente de aparece pela convicção de não estar a altura
da situação.
Na pratica, podemos
aproveitar a imaginação e pensar nos fatos que acontecem ao nosso redor como se
fosse um filme no qual somos um dos protagonistas: temos a capacidade de dar um
“stop” na imagem, reavaliando o que está acontecendo e modificando o roteiro,
assim como o final da historia. Dessa forma conseguimos muitas vezes adaptar o
roteiro a nossa realidade de forma muito importante e marcante. Se percebemos
que a nossa atenção está sendo projetada para o externo, por exemplo sobre os
nossos interlocutores ou sobre o lugar onde estamos, vamos levá-la devagar a
perceber nossa respiração, que se torna cada vez mais calmo e leve, envolvendo
todo o nosso corpo. Se, ao contrario percebemos que são as sensações internas
que nos agitam, vamos nos distrair observando detalhes do ambiente, a
decoração, a natureza, até perceber que tudo vai se aliviando , perdendo todo o
aspecto tenso e dramático.
Isso vale também
com o próprio aspecto físico, se olhando no espelho e fazendo mímicas e
caricaturas de si próprio, acentuando os aspectos negativos, até fechar os olhos por alguns instantes,
voltar ao normal, reabri-los em seguida e se olhar de novo sem julgamentos, mas
simplesmente sorrindo a si mesmo.
Juventude:
Autonomia e independência são as palavras chave dessa idade cheia de promessas.
Trabalho, família e relações são as áreas nas quais vive o jovem. Precisa
escolher, tomar atitudes e mudar...tendo uma boa autoestima. Nesta faixa de
idade não se é mais adolescente e o fim do ciclo de estudos abre o caminho para
a vida adulta. Muitos nessa fase ainda vivem em família com os pais e as vezes
nem acabaram os estudos. Muitas vezes é a falta da autonomia econômica que não
permite ainda sair de casa, dificultando assumir uma identidade própria. Essa
situação, devida especialmente ao mundo profissional, instável e sem garantias,
penaliza a autoestima, já muito sobrecarregada pelas cobranças sociais muito
onerosas nessa idade: focado nos objetivos e no mesmo tempo estruturar a
própria vida afetiva.
Nessa fase da vida,
a conquista da autonomia é o principal objetivo.
No trabalho, o
jovem se questiona quais os valores de maior importância
entre uma atividade
segura mas frustrante ou a atividade que gosta mas sem certeza de estabilidade?
Melhor uma atividade de responsabilidade e poder ou uma atividade criativa e
livre? Nem sempre [e fácil fazer a melhor escolha e na duvida, passando de um
extremos ao outro a autoestima se perde pelo caminho.
Na família, para
que ainda mora com os pais, a definição das funções fica cada vez mais
duvidosa, muitos adultos morando em baixo do mesmo teto, cada um com exigências
distintas, que muitas vezes são conflitantes entre sí e compartilhando somente
algumas refeições, cujos momentos são pretextos para discussões e reclamações.
A sociedade, hoje, oferece poucas oportunidades para que os jovens adquiram a
própria independência econômica cedo e não pesem nas costas dos pais. Para
aqueles que conseguiram sair e administram a própria vida, a própria casa, a
vida também não é mais simples: muitas vezes tendo vários empregos, paga o
preço da própria liberdade a custa de muito esforço físico e mental.
Nos relacionamentos,
o jovem sente a necessidade de se aprofundar mais, buscando nas amizades, no
trabalho e no amor uma ligação mais estável, baseada sobre afinidades mais
profundas e intimas. Esse é o momento quando se começa a procurar pela “alma
gêmea”, a formação da própria família e a possibilidade de ter filhos.
O jovem se defronta
cada vez mais com os modelos de homem e mulher ideal que a sociedade propõe: o
executivo, a executiva, o homem ideal, a boa esposa, etc. Se a comparação com
esses modelos propostos permanentemente se torna muito desgastante, a
autoestima cai e deixa o lugar para a baixa estima.
Algumas situações a
seguir, onde a baixa autoestima pode se tornar mais evidente.
No trabalho, não
desenvolver a atividade pela qual se estudou, não conseguir um beneficio
econômico que permita uma maior independência e autossuficiência; nos
relacionamentos a um certo momento o jovem se questiona se é o caso de
continuar pulando de uma realçao a outra, aproveitando essa juventude ao
máximo, ou por a cabeça no lugar e começar a construir uma relação mais seria,
sacrificar a liberdade pela estabilidade parece um absurdo, que gera conflitos,
que se mal resolvidos impedem de aproveitar o melhor de ambas as situações. A
duvida se vai conseguir encontrar a pessoa certa, faz com que muitas vezes,
quando encontrar alguém, essa pessoa seja submetida a uma sabatina para
procurar identificar afinidades ou, seja descartada superficialmente, sem
investir mais na relação, descobrindo aos poucos os pontos em comum que possam
permitir um maior envolvimento. Não tem coisa pior para acabar com a própria
autoestima que pensar na própria realização somente em função de casar ou ter
filhos. Dessa forma o presente desaparece, porque é vivido como uma espera para
um amanha idealmente mais feliz.
Fuja das chantagens
emocionais, fuja do medo de entristecer os pais ou ofender algum amigo ou amiga
pelas suas decisões: não vai conseguir satisfazer a todos , nem deixar todos
felizes. Avalie corretamente as dificuldades e as probabilidades de sucesso em
cada situação que se apresente, a coerência é um dos maiores inimigos da
autoestima: impede de escolher livremente, de ousar, de experimentar novidades
e viver situações certamente mais estimulantes. Deixe de querer tudo e
imediatamente, sem muito esforço e sem
saber renunciar a nada: isso é muito infantil e imaturo, parece criança. Deixe
de se preocupar demais com os modismos, com as grifes, com o que os outros
fazem, faça o que acha certo, vista o que gosta realmente, escolha se baseando
nos seus verdadeiros desejos e instintos, seja seguro e confie em sí próprio.
Se for mulher, não
se preocupe em mostrar ao mundo que sabe sempre tudo o que quer, que é
autossuficiente e que não precisa de ninguém. Por tras dessa atitude, se
esconde muitas vezes a dificuldade de entrar em contato com a fragilidade
natural presente em todos nos, se percebe uma grande necessidade de controlar e
gerir sempre as situações e as dificuldades de aceitar e viver os aspectos mais
frágeis e receptivos do “ser mulher”.
Se for homem, as maiores
dificuldades são ligadas em conseguir mostrar as próprias emoções e
comunica-las especialmente a própria parceira. Se criam assim, mal entendidos
que podem provocar rupturas. Isso vem daquela imagem distorcida e antiquada
pela qual “macho” não chora, deve ser duro e não precisa se perder em
fragilidades. Dessa forma, apesar das intensas emoções que sente e vive e que
não conseguem encontrar espaço para sair e se manifestar, faltam ao homem todos
aqueles recursos afetivos que lhe permitiriam ser mais “humano”.
Na pratica: quando
se sentir acabado, ao invés de se jogar na cama no final do dia e deprimir-se,
acelere a rotação do seu motor e desenvolva uma atividade física que lhe de
prazer. O importante é que o esforço ao qual vai se submeter, seja físico e não
mental. Assim vai queimar até o fim a pouca energia que ainda lhe sobra, se
esvaziando completamente: ao fim desse esforço vai perceber uma nova energia,
limpa, sem resíduos.
Duvidas?
Indecisões? , Inseguranças? Nosso corpo é o cumplice mais sincero que temos
para nos orientar se estamos tomando uma atitude certa ou errada. Por mais que
uma decisão possa aparecer sensata, acontece que algumas vezes o corpo não
esteja de acordo. Mas nos não o ouvimos. Depois de ter decidido sobre algo,
experimente prestar atenção sobre como o seu corpo reage. Percebe uma pressão
no peito, uma sensação de peso nas costas, enquanto respira sente um compressão
pulmonar? São sinais de que a decisão tomada, por mais adequada se for usar o
racional, é combatida pelo seu instinto que, através do corpo, traduz o seu
“não”. Precisa encontrar uma outra solução ! Sente uma sensação de alivio no
peito, percebe o seu pescoço e suas costas livres de amarras, enquanto respira
sente seus pulmões se expandindo, transmitindo uma sensação boa de leveza? Se é
assim, o seu corpo está manifestando a sua aprovação: está no caminho certo !
Evite pensar com
frases tipo as seguintes: Não posso mudar nada: sou feito assim; ninguém me
quer porque sou esquisito; não sei decidir sobre a minha vida porque não sei o
que quero; dessa escolha depende todo o meu futuro.
A maturidade; é o
tempo das responsabilidades materiais, como o trabalho, a família e as
afetivas. Nessa fase, os objetivos que o individuo definiu, deveriam ter sido
alcançados. Normalmente a pessoa tem uma atividade profissional estável, não
tem mais grandes lutas para chegar. Economicamente a situação é geralmente
tranquila. Afetivamente, os projetos são a longo prazo e os investimentos são
maiores nessa esfera. O que caracteriza essa fase da vida é o sentido da
“responsabilidade”, que é posta em pauta em todos os aspectos: no trabalho,
sobre a capacidade de gerir uma função profissional, nos aspectos econômicos,
assim como nas situações familiares. Existem responsabilidades materiais com os
aspectos práticos da vida, compras , vendas de bens, gestão da casa, etc.
Existem responsabilidades afetivas, na escolha de manter uma relação de casal estável,
mesmo sem chegar ao casamento. Existe também uma responsabilidade paternal, no
sentido de existir a possibilidade primeiro emocional e depois real de ser pai,
tanto para quem já tem filhos, e enfrenta os prazeres e dores de cria-los,
assim como para quem está elaborando a escolha de não te-los ou a dor de não
pode-los ter.
Os inimigos da
autoestima nessa fase da vida, estão em cada uma das situações mencionadas
acima.
No trabalho, o peso das responsabilidades: lutou tanto
para chegar a ter o “status” profissional e agora que possui tudo o que
desejava, não consegue manter o ritmo. Administra tudo dando o máximo de sí,
mas paga o preço de não ter mais energias para o resto: não consegue cultivar
as amizades, nem mesmo uma relação afetiva estável. Se sente sozinho e avalia o
próprio valor em função dos objetivos que alcança. Outra manifestação é com a
insatisfação com o próprio trabalho: trabalhar serve somente para ganhar
dinheiro e poder fazer aquilo que gosta. Mas passar o dia inteiro fazendo algo
que não se curte muito, começa a se tornar difícil de se sustentar e começa a
se sentir muito frustrado. Não percebe alternativas e na realidade nem as
procura: a sua autoestima decai e começa a ter a sensação de que não vai poder
continuar assim por muito tempo. Outra situação e quando não se sente realizado
profissionalmente: estudou durante muitos anos para poder desenvolver a
atividade dos sonhos, mas até hoje está ainda engatinhando. A sensação é de não
chegar nunca, e dia apos dia, suporta a injustiça do mundo e dos colegas ,
alimentando sempre projeções para o amanhã e sonhos de vingança.
Na relação de
casal uma das situações que
alimentam a baixa autoestima é o fato de ser ainda “single”, contra vontade. O
fantasma de ficar sozinho a vida toda, começa a ser cada vez mais presente nos
seus pensamentos e junto com ele, a ansiedade de ter que fazer algo para
reparar a isso: toda vez que sai, o objetivo é encontrar alguém; quando
encontra, não vive livremente esse momento, mas sempre avaliando se o outro
merece o seu tempo...resultado? Todos fogem e você sempre mais sozinho firmando
cada vez mais a ideia que não merece o amor de alguém. Outra manifestação na
relação de casal é não ter uma relação feliz: vive uma relação ha muitos anos e
sente que mesmo que os dias passam sem prazeres nem cumplicidades, não pode
mudar de ideia. Por outro lado, muitos dos seus amigos vivem uma relação
parecida: justifica isso dizendo que o amor e a paixão acabam com o tempo,
deixando o espaço a uma afeto mais brando. O problema é que o seu corpo, mais
sábio, não acompanha a sua racionalidade e denuncia o mal estar com uma serie
de somatizações: cefaleia, distúrbios sexuais, ansiedade, nervosismo, insônia,
falta o excesso de apetite, etc. Outra situação é quando o parceiro trai:
raiva, desilusão, cinismo, são os ingredientes que essa situação cria em você e
que abalam a sua autoestima profundamente. Todos se sentem na obrigação de lhe
dizer o que fazer e você não consegue entender o que realmente deseja. Perdão?
Vingança? Fuga? Muitas perguntas sem respostas, mas finalmente uma duvida cruel
que põe fim a sua autoestima já muito abalada: “Se fui traído, talvez foi por
merecer...”. A relação na qual acreditava, acabou”: tinha feito muito planos,
alguns postos em pratica: a casa, o casamento, os filhos. Improvisamente se
sente sozinho, como acordando bruscamente de um sonho. É uma realidade que da
medo. Como recomeçar? Onde errou? Quem vai te querer agora? Como perceber quem
será a pessoa certa? Os sentimentos de culpa e a sensação de fracasso completam
a obra, e a dificuldade maior é encontrar um sentido no que aconteceu.
Na relação com
os filhos: Se sentir culpado
por achar não ter conseguido criar um bom relacionamento com os filhos é uma
ameaça para a boa autoestima.“Não consigo ter filhos”. Tentou de todas as
formas. Talvez nem tenha uma causa física, mas nada de engravidar. A vida
inteira ouviu dizer que a mulher se realiza plenamente quando tem filhos e isso
não a ajuda. Alias, se sente inadequada, com muitas perguntas e duvidas e isso
gera uma ansiedade cada vez maior; nem consegue aceitar que a sua vida é
valiosa, mesmo sem ter filhos. “Não sou um bom pai”: filhos rebeldes ou com
dificuldade na escola? A resposta é que não serve como pai. Mesmo que tenha
feito o melhor para que tudo dê certo, se culpa porque tem pouco tempo para
dedicar aos filhos, culpando assim também suas atividades. Se o parceiro tenta
minimizar o fato, sente ainda mais o peso da responsabilidade nas costas. ”Me
sinto abandonado pelos filhos que se tornam adultos”: Tudo deu certo até que os
filhos precisavam de você. Mas agora que estão crescendo, que se tornam cada
vez mais autônomos e não dependem mais dos pais, você se sente inútil. Ser pai,
era visto como sinônimo de “dar” e agora, junto ao prazer de ver os filhos se
tornarem adultos, o medo de perde-los e de não servir mais para nada é cada vez
mais presente.
A crise da meia idade é um momento
critico com o qual todos vão ter que lidar. A vida parece ser sempre a mesma e
a pessoa sente a necessidade de fugir dos hábitos, da rotina; o parceiro que
conhece ha muito tempo, não reserva surpresas, nem fortes emoções. E você? O
corpo não tem mais a energia de um tempo: as rugas, a barriguinha, os cabelos
grisalhos não somem da sua frente. Parece que não gosta de mais nada de você,
nem dentro, nem fora. É muito fácil nesse momento da vida achar que pode
resolver a crise com algumas folias: uma atitude inconsequente no trabalho, um
amante, a compra de algo caro e luxuoso...seja bem vinda a folia saudável”, se
te permite manter ao longo do dia uma postura consciente de leveza. Mas o
perigo existe quando essas atitudes são uma fuga da realidade, perigosas e
difíceis de gerir, que quando voltar a real, podem faze-lo se sentir pior do
que antes.
A menopausa é considerada como o fim da vida fértil, mas para
muitas mulheres, representa ainda um momento dramático da própria vida, um
momento a ser postergado o máximo possível, mesmo recorrendo a fármacos. Muitas
mulheres ignoram o sentido mais simbólico da menopausa: a mulher passa da
capacidade de gerar um filho a possibilidade de elevar a própria energia e se
abrir para uma capacidade de gerar bem mais ampla. A sexualidade, liberada
finalmente do risco da concepção, pode ser vivida com maior leveza e
espontaneidade.
Na pratica: Viver o
prazer pelo prazer. Um happy hour” com os amigos antes de voltar para casa?
Porque não? Fazer amor de manhã logo apos acordar antes de ir ao trabalho?
Porque não? Sim , não resista ! Viva o presente! Quem quiser ser feliz, seja.
Do amanha não tem certeza. Gozar das coisas boas não cansa, alias, descansa o
cérebro e o regenera. Esvaziando a mente, o prazer elimina as recriminações e
ativa as áreas cerebrais que produzem bem estar. Viva as situações imprevistas
como algo bom que pode agregar coisas boas a sua vida. Elimine as frases em
“negativo”, as frases em “absoluto”, os “porquês”, os verbos no “condicional”.
Evite se comparar com o passado, evite as promessas para o futuro. Mude a sua
imagem: as vezes estamos muito presos a uma imagem antiquada” de nos mesmos.
Roupas, Acessórios, penteado novo, ajudam a fazer com que nos sintamos bem
desde o começo do dia. Vestir a roupa que mais gosta, fazer isso por sí mesmo,
para se gostar cada vez mais.
A Terceira Idade:
os anos da sabedoria. A vida se enfrenta com maior relaxamento e sem ansiedade.
Nessa fase o indivíduo pensa em si mesmo e se dedica a atividades prazerosas.
Cada vez mais o
período da terceira idade inicia mais tarde: a idade media aumenta, se trabalha
mais tempo, a sociedade permite ao idoso um conforto cada vez melhor. É uma
fase da vida de grandes mudanças onde as energias são redirecionadas das
atividades comuns, trabalho, obrigações, etc., para o próprio bem estar, sem as
cobranças do tempo e das obrigações. É um momento onde se adquirem novos
papeis; além da aposentadoria, muitas vezes se adquire o papel de vó, nova
função que dá um impulso aos afetos e a própria essência do viver. Mas é o
corpo que sofre a mudança mais evidentes, e muitas vezes mais difícil de
aceitar: a natural decadência das energias é muitas vezes mais uma atitude
mental do que uma condição real do organismo. O que caracteriza essa fase da
vida é uma cobrança menor em enfrentar a vida, uma ansiedade menor em viver o
dia a dia, sem a necessidade de lutar para a sobrevivência. O risco, é que
viver sem outras validas motivações, abre a porta para a depressão. Os filhos
tem a própria vida, o ninho familiar esgotou as suas funções paternais e volta
a ter as características dos primeiros anos de convivência quando o casal era
jovem e entusiasta. A terceira idade pode ser uma nova fase de vida muito boa
para o casal. Sem a sobrecarga das responsabilidades pedagógicas, muitas vezes,
fonte de brigas e conflitos, é possível redescobrir cumplicidades, reencontrar
a afetividade adormecida pelo tempo e pela vida do dia a dia e investir de novo
na relação a dois. Nessa idade, muitos começam a viajar, realizando aqueles
sonhos guardados na gaveta, devido aos compromissos e obrigações da vida até
então. Outra melhora é na esfera afetivo
sexual, uma vez que livre da ansiedade o indivíduo vive as relações com maior
serenidade. Para os “livres”, existe uma maior disponibilidade em novos
encontros, deixando para trás fantasmas do passado, permitindo o inicio de
relacionamentos mais descontraídos que podem se tornar mais profundos de forma
mais simples. Com mais tempo disponível podem ser retomados hobbies, interesses
que foram largados ao longo da vida. Os relacionamentos interpessoais podem se
tornar mais intensos, os netos também
ajudam o idoso a não se sentir só e inútil. A sensação de inutilidade é a
melhor forma para destruir a própria autoestima. Avaliar a sí mesmo
exclusivamente em função de quanto se faz e em quanto está comprometido em
realizar algo, leva a acreditar não ter mais objetivos a realizar. Muitas
vezes, esta atitude esconde o desejo de que os outros se encarreguem de
resolver o nosso mal estar e também a convicção de que ninguém poderá aliviar
esta sensação de inutilidade, gerando um perigoso circulo vicioso. Com a
aposentadoria, o individuo readquire o domínio do próprio tempo e a sensação de
esvaziamento, o tedio, estão a vontade para minar a autoestima e o humor. Se
ele não aprendeu a administrar corretamente o próprio tempo, corre o risco de
se sobrecarregar de atividades para acalmar a ansiedade do vazio” e a solidão.
Um outro pensamento que ajuda a diminuir a autoestima é pensar em si mesmo como
em um objeto que devido ao desgaste do tempo, não funciona mais. O corpo não
responde mais como esperado, esvaziado das suas propriedades emocionais,
expressivas e simbólicas, corre o risco de se tornar somente um recipiente sem
poder atender ao desempenho exigido.
As alterações
corporais, mesmo a nível estético, certamente são o terreno mais fértil para o
surgimento da desestima. O erro, existe em se olhar somente pelo prisma
daquelas expectativas sociais, que identificam a falta de rugas, como símbolo
do sucesso. Muitas vezes se esquece que as rugas, na historia da humanidade,
assim como os sinais do tempo que passa, identificam o “sábio”, aquele que
alcançou conhecimento, a sabedoria que todos almejam. A cirurgia estética
representa para muitas mulheres, a expectativa da eterna juventude, mas não
sempre ela atinge as promessas. A dificuldade em se identificar dentro de um
corpo ou por trás de um rosto vividos como estranhos, com os consequentes
problemas e dificuldades de relacionamento , são alguns dos riscos. O problema
é construir uma identidade falsa, anônima, através de inúmeras intervenções
cirúrgicas que desestruturam a verdadeira natureza do individuo. O medo de não
ser aceito, o medo da morte, a dificuldade em aceitar uma identidade que muda
com o tempo são algumas das possíveis causas de desestima e da necessidade em recorrer
a cirurgia. A cirurgia estética, tem o seu valor a partir do momento em que é
feita como resposta a um profundo e intimo desejo de se gostar mais, sem a
preocupação do que os outros vão pensar, ou se vão gostar. O passar do tempo,
assim como o envelhecimento, é fato: melhor envelhecer naturalmente e se
assumir por como se é de verdade, do que se agredir de forma irrecuperável.
Para os homens, as dificuldades em aceitar as mudanças nessa fase da vida,
também podem leva-los a uma desesperada recuperação de atitudes adolescências,
com atitudes infantis para negar a realidade do RG antigo, como as roupas fora
de contexto, as paixões e os hobbies não adequados a essa fase da vida, como
esportes radicais, o envolvimento emocional em relacionamentos superficiais. A
necessidade em negar e não aceitar o tempo que passa, podem ser motivos que
levam essas pessoas a convicção de que o valor de um homem seja em função da
jovem idade da mulher que o acompanha, do automóvel luxuoso e do ano, do numero
de relacionamentos que coleciona. O risco de tais atitudes é que produzam um
isolamento afetivo acompanhado de um constante estado ansioso, devido a
necessidade de manter esse padrão de vida a qualquer custo.
A autoestima nasce da
nossa capacidade de viver no presente. O homem moderno e civilizado de hoje,
tem muita mais dificuldade do que o
homem de ontem, em viver e curtir o próprio momento. O individuo em
equilíbrio consigo e com o mundo no qual vive, não busca mudar a si mesmo e nem
aos outros: vive no presente e não se projeta no futuro, assim como não se
prende ao passado. Da muito mais valor ao “ser “do que ao “ter”.
Na prática: desenvolva
uma atividade física regular e constante, uma atividade leve e de preferência
ao ar livre: o contato com o próprio corpo vai ajuda-lo a manter a consciência
do próprio domínio sobre ele. Nunca se questione e faça balanços sobre a vida:
o que realizei na minha vida; o que errei; qual é o legado que vou deixar: isso
é veneno para a autoestima. O que interessa é o valor que cada um de nos da a
própria vida no dia a dia, só por hoje.