A maturidade
é o tempo das responsabilidades materiais, como o trabalho, a família e as
relações afetivas. Nessa fase, os objetivos que o indivíduo definiu deveriam
ter sido alcançados. Normalmente a pessoa tem uma atividade profissional
estável, não tem mais grandes lutas para chegar. Economicamente a situação é em
geral mais tranquila. Afetivamente, os projetos são a longo prazo, e os
investimentos são maiores nessa esfera. O que caracteriza essa fase da vida é o
sentido da “responsabilidade”, que é posta em pauta em todos os aspectos: no
trabalho, sobre a capacidade de gerir uma função profissional, nos aspectos
econômicos, assim como nas situações familiares. Existem responsabilidades
materiais com os aspectos práticos da vida, compras, vendas de bens, gestão da
casa, etc. Existem responsabilidades afetivas, na escolha de manter uma relação
de casal estável, mesmo sem chegar ao casamento.
Existe também uma responsabilidade paternal, no sentido de existir a
possibilidade primeiro emocional e depois real de ser pai, tanto para quem já
tem filhos e enfrenta os prazeres e dores de criá-los como para quem está
elaborando a escolha de não tê-los ou a dor de não os poder ter.
“Os inimigos da autoestima nessa fase
da vida estão nas situações mencionadas acima”, explica o Dr. Leonard F. Verea,
psiquiatra
especialista em Hipnose Dinâmica.
“No trabalho, o peso das responsabilidades: lutou tanto para chegar a ter o
status profissional e, agora que possui tudo o que desejava, não consegue
manter o ritmo. Administra tudo dando o máximo de si, mas paga o preço de não
ter mais energias para o resto: não consegue cultivar as amizades, nem mesmo
uma relação afetiva estável. Sente-se sozinha e avalia o próprio valor em
função dos objetivos que alcança. Outra manifestação é com a insatisfação com o
próprio trabalho: trabalhar serve somente para ganhar dinheiro e poder fazer
aquilo que gosta. Mas passar o dia inteiro fazendo algo que não curte muito
começa a se tornar difícil de sustentar, e o indivíduo começa a se sentir muito
frustrado. Não percebe alternativas, e na realidade nem as procura: a sua
autoestima decai e começa a ter a sensação de que não vai poder continuar assim
por muito tempo. Outra situação é quando não se sente realizado
profissionalmente: estudou durante muitos anos para poder desenvolver a
atividade dos sonhos, mas até hoje está ainda engatinhando. A sensação é de não
chegar nunca e, dia após dia, suporta a injustiça do mundo e dos colegas,
alimentando sempre projeções para o amanhã e sonhos de vingança” explica Dr.
Leonard.
Amor x baixa autoestima
Na relação de casal, uma das situações que alimentam a baixa autoestima é o
fato de o indivíduo ser ainda solteiro contra sua vontade. O fantasma de ficar
sozinho a vida toda começa a ser cada vez mais presente nos seus pensamentos e,
junto com ele, a ansiedade de ter que fazer algo para reparar isso: toda vez
que sai, o objetivo é encontrar alguém; quando encontra, não vive livremente
esse momento, está sempre avaliando se o outro merece o seu tempo. Resultado?
Todos fogem, e você fica sempre mais sozinho, firmando cada vez mais a ideia de
que não merece o amor de alguém. Outra manifestação na relação de casal é não
ter uma relação feliz: vive uma relação há muitos anos e sente que, mesmo que
os dias passem sem prazeres nem cumplicidades, não pode mais mudar de ideia.
Por outro lado, muitos dos seus amigos vivem uma relação parecida: justifica
isso dizendo que o amor e a paixão acabam com o tempo, deixando espaço a um
afeto mais brando. O problema é que o seu corpo, mais sábio, não acompanha a
sua racionalidade, e denuncia o mal-estar com uma série de somatizações:
cefaleia, distúrbios sexuais, ansiedade, nervosismo, insônia, falta ou excesso
de apetite etc. Outra situação é quando o parceiro trai: raiva, desilusão e
cinismo são os ingredientes que essa situação cria em você e que abalam sua
autoestima profundamente.
Todos se sentem na obrigação de lhe dizer o que fazer, e você não consegue
entender o que realmente deseja. Perdão? Vingança? Fuga? Muitas perguntas sem
respostas, mas finalmente uma dúvida cruel, que põe fim à sua autoestima já
muito abalada: “Se fui traído, talvez tenha sido por merecer”. A relação na
qual acreditava acabou: tinha feito muitos planos, alguns postos em prática: a
casa, o casamento, os filhos. Improvisadamente sente-se sozinho, como acordando
bruscamente de um sonho. É uma realidade que dá medo. Como recomeçar? Onde
errou? Quem vai te querer agora? Como perceber quem será a pessoa certa? Os
sentimentos de culpa e a sensação de fracasso completam a obra, e a dificuldade
maior é encontrar um sentido no que aconteceu.
Na relação com os filhos
Sentir-se culpado por achar não ter conseguido criar um bom relacionamento com
os filhos é uma ameaça para a boa autoestima. “Não consigo ter filhos.” Tentou
de todas as formas. Talvez nem tenha uma causa física, mas nada de engravidar.
A vida inteira ouviu dizer que a mulher se realiza plenamente quando tem
filhos, e isso não a ajuda. Aliás, sente-se inadequada, com muitas perguntas e
dúvidas, e isso gera uma ansiedade cada vez maior; nem consegue aceitar que sua
vida é valiosa, mesmo sem ter filhos. “Não sou um bom pai.” Filhos rebeldes ou
com dificuldade na escola? A resposta é que não serve como pai. Mesmo que tenha
feito o melhor para que tudo desse certo, culpa-se porque tem pouco tempo para
dedicar aos filhos, culpando assim também suas atividades. Se o parceiro tenta
minimizar o fato, sente ainda mais o peso da responsabilidade nas costas.
“Sinto-me abandonado pelos filhos que se tornam adultos.” Tudo deu certo até
que os filhos precisavam de você. Mas, agora que estão crescendo, que se tornam
cada vez mais autônomos e não dependem mais dos pais, você se sente inútil. Ser
pai era visto como sinônimo de “dar”, e agora, junto ao prazer de ver os filhos
se tornarem adultos, o medo de perdê-los e de não servir mais para nada é cada
vez mais presente.
A crise da meia idade é um momento crítico com o qual todos vão ter que
lidar
A vida parece ser sempre a mesma, e a pessoa sente a necessidade de fugir dos
hábitos, da rotina. O parceiro que conhece há muito tempo não reserva surpresas
nem fortes emoções. E você? O corpo não tem mais a energia de um tempo: as
rugas, a barriguinha, os cabelos grisalhos não somem da sua frente. Parece que
não gosta de mais nada de você, nem dentro nem fora. É muito fácil nesse
momento da vida achar que pode resolver a crise com algumas folias: uma atitude
inconsequente no trabalho, um amante, a compra de algo caro e luxuoso... Seja
bem-vinda à folia saudável, se isso te permite manter ao longo do dia uma
postura consciente de leveza. Mas o perigo existe quando essas atitudes são uma
fuga da realidade, perigosas e difíceis de gerir, que, quando voltar à real,
podem fazê-la se sentir pior do que antes.
A menopausa é considerada como o fim da vida fértil, mas, para muitas mulheres,
representa ainda um momento dramático da própria vida, um momento a ser
postergado o máximo possível, mesmo recorrendo a fármacos. Muitas mulheres
ignoram o sentido mais simbólico da menopausa: a mulher passa da capacidade de
gerar um filho à possibilidade de elevar a própria energia e se abrir para uma
capacidade de gerar bem mais ampla. A sexualidade, liberada finalmente do risco
da concepção, pode ser vivida com maior leveza e espontaneidade.
Na prática: viver o prazer pelo prazer
Uma happy hour com os amigos antes de voltar para casa? Por que não? Fazer amor
de manhã logo após acordar antes de ir ao trabalho? Por que não? Sim, não
resista! Viva o presente! Quem quiser ser feliz, seja. Do amanha não se tem
certeza. Gozar das coisas boas não cansa, aliás, descansa o cérebro e o
regenera. Esvaziando a mente, o prazer elimina as recriminações e ativa as
áreas cerebrais que produzem bem-estar. Viva as situações imprevistas como algo
bom, que pode agregar coisas boas à sua vida. Elimine as frases em “negativo”,
as frases em “absoluto”, os “porquês”, os verbos no “condicional”. Evite se
comparar com o passado, evite as promessas para o futuro. Mude sua imagem: às
vezes, estamos muito presos a uma imagem antiquada de nós mesmos. Roupas,
acessórios, penteado novo ajudam a fazer com que nos sintamos bem desde o
começo do dia. Vestir a roupa que mais gosta, fazer isso por si mesmo, para se
gostar cada vez mais.
Os cinco
alicerces da autoestima são:
1) Conhecer a si mesmo: desenvolver a capacidade de se desprender
das coisas materiais, vivendo a sensação de intenso e íntimo bem-estar,
independentemente dos fatores externos.
2) Conhecer o universo: viver em equilíbrio consigo e com o mundo,
sem passar o tempo se questionando sobre o porquê vive ou sofre, mas “dançando
conforme a música”, sem julgamentos, aproveitando o máximo do que a vida tem de
bom a oferecer.
3) Ser consciente: não viver seguindo princípios morais
predefinidos, mas estar presente ao que acontece ao seu redor, agindo conforme
o momento e o bom senso, sem pré-julgamentos: dessa forma, nos regeneramos e
nos reconstituímos permanentemente.
4) Ser livre: viver livre dos rótulos, dos preconceitos, das
ideologias e dos valores pré-concebidos; ter liberdade com as paixões, com os
sentimentos, para que sejam vividos de forma ativa e não passiva; ter liberdade
para consigo mesmo.
5) Encontrar o próprio talento: desenvolver a capacidade de se
renovar e de se recriar: aproveitar a própria criatividade em tudo aquilo que
se faz, tanto nas coisas mais simples, como nas atividades mais complexas.
“Ser
consciente da própria personalidade e agir sem medo do julgamento dos outros.”
Isso é muito mais do que uma simples definição: é conhecer a si mesmo, é ser
livre das expectativas e dos julgamentos, é encontrar o próprio talento e não
ter medo de expressá-lo. Somente assim poderemos ser felizes, finaliza Dr.
Leonard.