Todo mundo vive ou já viveu ao longo da sua
vida, algum ressentimento para com alguém: uma sequencia de ações e reações que
acabam destruindo um projeto profissional, humano, social , etc., que poderia
dar muito certo. Quando o mal entendido e a suspeita de má fé substituem uma
comunicação eficaz, o prejuízo pode ser incalculável.
Em algum dia, alguém que prometeu ligar para
outra pessoa, por algum motivo não o faz. A segunda pessoa, não chama a
primeira para saber se algo aconteceu, talvez por algum ressentimento embutido,
talvez por uma sensação de inferioridade que emerge com esse pretexto, talvez
por orgulho. E quando a primeira liga, talvez no dia seguinte, a segunda não
responde, para descontar a presumível falha. Com essa atitude, parece ter posto
tudo em ordem. A primeira pessoa, que talvez tenha tido válidos motivos para
não ligar, não vê os fatos dessa forma, aliás se surpreende e se chateia com
esse estranho comportamento e por sua vez, decide sumir por algum tempo: inicia
assim uma pequena guerra feita de mal entendidos e ressentimentos.
Dois colegas estão desenvolvendo alguma
atividade em conjunto. O primeiro, por descuido e distração, erra algo que
prejudica o segundo. O segundo achando ser uma provocação, por sua vez, reage
produzindo um pequeno dano. O primeiro sente o baque e reage com uma provocação
maior ainda, e em um crescendo de provocações e ressentimentos recíprocos eles
acabam destruindo aquele projeto no qual os dois estavam envolvidos.
Provocações, birras, desaforos, são
comportamentos comuns e frequentes na infância, representam uma forma de se
impor, de prevalecer. Geralmente expressam a contrariedade por se sentir
injustiçado por algo acontecido (verdadeiro), ou por uma desilusão (não se
sentir compreendido, querido ou apreciado). A criança não encontra outra
maneira, a não ser de prejudicar o outro, seguindo um esquema similar a uma das
primeiras formas de justiça que a humanidade soube criar: olho por olho... É
uma reação que pode mostrar também o lado criativo da criança, que se esforça
para inventar birras cada vez mais criativas. Com o tempo, deveria dar espaço a
formas mais maduras de solução de conflitos. Mas às vezes isso não acontece, e
a birra, o desaforo, as provocações, se tornam uma forma mais estruturada para
reagir as injustiças e para chamar a atenção.
Os exemplos que ilustramos acima, mostram
como esses indivíduos agem na realidade: vivem a infantil expectativa de um
mundo a sua disposição, que atenda suas exigências e que os coloquem sempre
entre as prioridades, e se isso não acontece, alguém deve pagar por isso. Se
tornam caprichosos e intransigentes como uma criança que não consegue e não
quer entender as exigências dos outros, e nem busca um dialogo para esclarecer.
Para um desaforento, é difícil entender os infantilismos das próprias reações,
também porque as birras e as pequenas vinganças lhe oferecem, instantaneamente,
uma certa satisfação e prazer. Tanto que, em alguns casos, as desencadeia sem
motivos, justamente para proporcionar esse prazer de descontar algo de alguém.
Se essa pessoa conseguisse observar seus
relacionamentos, perceberia que ao final, essas atitudes só tendem a prejudicar
a si mesmo. Os amigos não vão tolerar mais essas atitudes e vão se afastando,
outros não se abrem mais como antes, mas acima de tudo, é ele mesmo que paga o
preço maior por essas intrigas, por essas maldades.
Tudo acontece porque, muitos anos antes, quando
criança, talvez tenha se sentido, às vezes injustiçado ou mal entendido:
deveria se questionar, se ainda tem vontade de reviver aquela sensação, se
ainda precisa viver a sensação do prazer em descontar algo de alguém. Responder
que não, seria como uma grande liberação que lhe permitiria viver sem todos esses
absurdos conflitos, mal entendidos, podendo ter mais prazer de tudo o que a
vida tem de bom a oferecer.
Algumas dicas a seguir, para que as pessoas
que se identificam com esse texto, possam aprender a enfrentar e superar essa
dificuldade, superando conflitos e ressentimentos, deixando de alimentar mal
entendidos e buscando viver a vida aproveitando ao máximo o tempo:
- · A vida é curta: vamos aproveitá-la.
- · Tente ver o mundo também com o olhar do outro.
- · Deixe de lado os pré-conceitos na hora de julgar os outros.
- · O ressentimento nasce de uma interpretação unidirecional, distorcida na maior parte dos casos, imaginando que o outro tenha agido de forma intencional contra nós, e mesmo sem querer, não tenha se esforçado muito, portanto, não está muito afim. A realidade necessita de um olhar mais atento: vamos acreditar mais nos outros, vamos tentar entender melhor a essência dos seus comportamentos, os porquês. Vamos aprender a observar os fatos com o olhar do outro, a sentir como ele.
- · Determinemos um diálogo mais maduro com os outros.
- · Reagir com o desaforo, alimentando um mal entendido, prejudica qualquer esclarecimento. É importante nessas situações, buscar um dialogo para poder expressar a própria contrariedade e também ouvir o outro.
- · Nenhum tipo de relacionamento entre pessoas funciona na base da competitividade, ela gera curto-circuito.
- · Todos os relacionamentos se mantem, dando espaço para que todos possam se manifestar, inclusive nos.
- · Vamos melhorar nossa autoestima, valorizando e acreditando mais em nós, observando com olhar mais atento nossos sucessos e realizações e minimizando nossos fracassos.
·
Somos
eternos aprendizes, em busca constante de melhor e aprimoramento: quanto mais
sei, menos sei.
Nenhum comentário:
Postar um comentário