A Distimia é um tipo de depressão
que faz parte do grupo dos transtornos mentais que interferem com o humor das
pessoas e por isso os psiquiatras chamam esses quadros de "Transtornos do
Humor". Ela é diferente dos outros tipos de depressão porque seus sintomas
são mais leves, mas têm uma longa duração. Isso torna difícil que o paciente se
perceba deprimido, fazendo com que ele conviva com essa depressão, tentando se
sobrepor, lutar contra ela.
É por isso que é tão prejudicial, pois essa
situação acaba por trazer inúmeras consequências para seus portadores. No
entanto, existem estudos internacionais que mostram que ela é subdiagnosticada
pelos médicos, sejam eles clínicos ou especialistas. As pessoas com Distimia
apresentam altas taxas de absenteísmo: faltas no trabalho. Essas taxas são
quase tão altas quanto às faltas devidas às cardiopatias crônicas, e estão
entre as primeiras causas de absenteísmo no mundo! Essas pessoas quase não
conseguem sentir prazer nas coisas que normalmente as interessava, e por isto
têm pouquíssimos interesses. São pessimistas. Muitas vezes têm dificuldades com
o sono, ou com apetite. É como se um vazio se esparramasse em toda à sua volta,
e às vezes houvesse dentro deles uma espécie de buraco que não conseguem
preencher com nada.
Às vezes, por isso, desenvolvem uma obesidade da qual não
conseguem se livrar. Apesar dos sintomas menos acentuados, a Distimia é um transtorno
que acarreta um prejuízo pessoal muito importante. Não só do ponto de vista das
relações pessoais, mas no plano econômico também! Em geral, essas pessoas têm
poucas relações, poucas amizades, e concentram suas atividades quase que
exclusivamente no trabalho, seja ele um emprego formal ou não. Isso porque, é
na situação de trabalho que as funções e a forma do indivíduo se comportar são
mais bem definidos, facilitando sua atuação. Apesar de toda essa
"dedicação", seu desempenho profissional é, em geral, mediano, e
muitas vezes insatisfatório para o próprio indivíduo, pois carrega consigo um
peso, uma falta de vitalidade, de criatividade e de dinamismo que o prejudica
em todos os lados. É muito comum ouvirmos o paciente contar que faz as coisas
com dificuldade, como se estivesse pesado, lento, sem prazer, fazendo o mínimo,
só o essencial a cada dia. Isso tudo faz com que o indivíduo não procure ajuda.
Ele não vai ao médico, e quando o faz, raramente procura um psiquiatra. Na
maioria das vezes ele vai a um clínico com queixas como falta de apetite,
insônia ou cansaço.
Muitas pessoas com Distimia relatam que estiveram
deprimidas durante toda a sua vida e acabam tendo uma concepção existencial
deturpada pelo mau humor crônico. Geralmente elas se auto-definem como tristes
ou "na fossa", mas geralmente são definidas pelas outras como mal
humoradas, amargas, irônicas e implicantes. Embora a Distimia seja considerada
menos grave que a Depressão Maior, suas conseqüências podem ser graves e
incluem prejuízo grave do desempenho familiar, social e profissional, aumento
de sintomas físicos e doenças psicossomáticas e aumento do risco de desenvolver
Depressão Maior.
Em geral esses pacientes costumam
ser tensos, rígidos e resistentes às sugestões de terapia. Como freqüentemente
eles podem ser sarcásticos, rabugentos, exigentes e queixosos, não é raro que o
médico de outras especialidades sinta-se irritado com eles. Apesar disso, o
funcionamento social das pessoas com Distimia é relativamente estável e muitas
delas investem sua energia fortemente no trabalho, desprezando quase totalmente
o prazer, as atividades familiares e sociais. Os mecanismos neuropsiquiátricos
envolvidos na Distimia ainda não foram claramente esclarecidos, entretanto, já
se pode falar em alterações nos sistemas neuroendócrinos, principalmente no
eixo hipotálamo-hipófise-suprarrenal e hipotálamo-hipófise- tireoidiano, tal
como acontece nas doenças depressivas em geral. De fato, os dados do
eletroencefalograma (EEG) durante o sono e as anormalidades nos testes dos
neuro-hormônios TRH-TSH das pessoas distímicas mostram os mesmos padrões
neurofisiológicos encontrados no Transtorno Depressivo Maior, reforçando assim
a natureza constitucional do transtorno.
O envolvimento dos sistemas de alguns
neurotransmissores e neuroreceptores, tal como também acontece nas doenças
depressivas em geral, pela resposta positiva aos medicamentos que aumentam a
disponibilidade de serotonina, noradrenalina e dopamina. A causa da Distimia,
como tantos outros quadros afetivos, é multifatorial. Entre esses múltiplos
fatores destacam-se a hereditariedade, predisposição biológica, traços de
temperamento, estressores vivenciais, entre outros. Eventos de vida
estressantes na infância podem ter um papel importante no perfil afetivo
distímico do adulto. A psicoterapia é um importante componente do tratamento.
Em geral a terapia cognitiva comportamental tem demonstrado ser eficaz no
tratamento de distimia. A terapia cognitiva comportamental deve ser planejada
para ser realizado por um tempo limitado, cujos objetivos principais é fazer o
paciente reconhecer as circunstâncias que levam à depressão e estruturar a uma
resposta emocional adequada.
Sobre o uso de medicamentos, existe evidência científica comparando o uso de
antidepressivo e o uso placebo para o tratamento medicamentoso da Distimia.
Estudos mostram que 50 a 60% dos pacientes com distimia respondem ao tratamento
com antidepressivos. Atualmente o tratamento considerado mais eficaz é aquele
que associa o uso de medicamentos com psicoterapia, principalmente a terapia da
linha cognitiva comportamental. Entretanto, para quem não quer se submeter às
dosagens medicamentosas, uma nova abordagem e alternativa de cura é o
tratamento por meio da medicina psicossomática e hipnose dinâmica. Quando se
fala em hipnose, muitas pessoas ainda acreditam que a técnica é um ato de
magia. Na verdade, é uma ferramenta, um ato médico, que proporciona ao paciente
um estado profundo de concentração por meio da diminuição da consciência
periférica.
O tratamento com hipnose clínica possibilita o contato com o
inconsciente, ou seja, com as emoções que não passam pelos julgamentos,
críticas e avaliações da mente consciente. A partir da comunicação com o
inconsciente, o paciente reconhece seus reais sentimentos (desejos, medos,
angústias, dúvidas, paixões) e, desta forma, consegue reordená-los,
reorganizá-los de uma maneira que proporcionem bem-estar e equilíbrio pessoal.
Como em qualquer outro tratamento de doenças psicossomáticas, na primeira
consulta o médico avalia o problema do paciente. O diferencial é que já no
encontro inicial, é feito um teste de indução hipnótica para que os caminhos da
terapia sejam definidos. No decorrer das consultas, o médico utiliza a hipnose
clínica para a indução a um estado alterado da consciência. O método leva no
máximo de 3 a
4 minutos e o paciente continua consciente. A grande vantagem da técnica é que
o contato com o inconsciente é facilitado, proporcionando um tratamento mais
assertivo e com resultados práticos.