segunda-feira, 22 de junho de 2015

Hiperatividade: falta de paciência ou excesso de energia?


A hiperatividade virou tema constante nos dias atuais, mas o conhecimento que temos a respeito ainda é restrito e há muitas controvérsias com relação ao diagnóstico e tratamento. 

A medicina afirma que a hiperatividade é uma doença que se caracteriza por sinais de desatenção, inquietude e impulsividade, que podem ser brandos ou graves e ainda incluir problemas de linguagem, memória e habilidades motoras, podendo afetar crianças, adolescentes e até mesmo alguns adultos. A criança hiperativa pode apresentar, muitas vezes, uma inteligência e uma sensibilidade acima da média, é mais ágil e impulsiva.

O comportamento hiperativo interfere na vida familiar, escolar e social das crianças, elas tendem a ser mais solitárias, justamente por serem mais ágeis não conseguem se adaptar com outras crianças, e podem sofrer situações de estresse, tristeza e baixa autoestima. São facilmente distraídas, podem falar muito alto e em momentos inoportunos. Elas estão sempre em movimento, fazendo algo, e não conseguem ficar quietas. 

Desde crianças tendem a ser ativas, e mostram isso com excesso de comportamentos em relação às outras crianças. 

Com a maturidade e o crescimento, a pessoa fica mais tranquila, mas ainda hiperativa, e é muito comum que esse adulto aprenda a lidar com suas características e tenha desenvolvido válvulas de escape para conseguir um equilíbrio.

Os pais devem ser informados, ler a respeito e procurar ajuda quando percebem que não estão conseguindo lidar sozinhos com a questão. É necessário treinar seus filhos hiperativos a focarem um assunto de cada vez. 

Os remédios são necessários apenas em casos em que a vida da pessoa está em grande prejuízo e os efeitos colaterais sejam menores que os benefícios. É recomendado que se inicie com o processo terapêutico, que será um aprendizado, um treino comportamental que dará informações e técnicas que poderão ser usadas a vida toda. É importante que as causas da hiperatividade sejam identificadas de forma correta, pois podem levar a tratamentos inadequados.

A minha vivência clínica, ao longo de mais de 30 anos, mostra como muitos casos aparentemente diagnosticados como hiperatividade são muito mais devidos às limitações que o mundo no qual vivemos impõe a crianças e adultos mais sensíveis e mais ágeis do que a média. Ficar sentado em um banco escolar por muitas horas sem poder se manifestar, ficar preso em um ônibus superlotado, não poder exercer atividades ao ar livre que favoreçam a eliminação de tensões e conflitos acumulados no dia a dia são alguns exemplos de como uma pessoa pode acumular energia, que, se não eliminada naturalmente, se transforma em uma fonte de desgaste emocional.

Sugiro que os pais de crianças que mostrem um comportamento aparentemente hiperativo procurem um profissional competente e avaliem as opções que a sociedade põe à disposição para dar vazão a energia em excesso dos filhos: cursos de música, artes marciais, esportes em equipe, desenvolvimento de atividades para as quais os filhos mostram aptidões etc.

Sugiro também que esses pais procurem uma orientação profissional para reavaliar a dinâmica familiar e o papel deles nesse contexto.

Remédios, em último caso – somente quando esgotadas as outras opções, os médicos avaliam ser necessário. 

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