quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Como sair da ansiedade e do pânico




Ansiedade e pânico são hoje os males psicológicos pelos quais mais se procura um médico ou um psicólogo. Uma situação alarmante que necessita de uma abordagem mais próxima.

Ansiedade e pânico isolam algumas pessoas das outras: por isso não é fácil falar a respeito. Porém, acometem quase 30% da população. O relato das pessoas é parecido, é como se na vida aparecesse uma força que afasta você de tudo, que a impede de viver serenamente e a faz sentir constantemente o medo de um perigo repentino e desconhecido. A pessoa achava ser a dona do próprio corpo, achava que o possuía: ansiedade e pânico mostram que, ao contrário, é o corpo que a possui e ela está totalmente à mercê disso.

Tem como sair dessa situação? 

Sim, muitos sucessos se acumulam. 

Vamos fazer isso juntos.

Os efeitos mais evidentes da ansiedade e do pânico são as assim chamados “evitações”: por medo da chegada de outro ataque, a pessoa limita cada vez mais o próprio raio de ação, evitando todas as situações que julga arriscadas. Desenvolve-se assim o medo de ter medo: isso, ao invés de ajudar a amenizar, faz com que sejam alimentados outros medos e outras crises, pensamentos obsessivos e delirantes devidos ao isolamento e aos próprios pensamentos. 

A primeira vez de um ataque de pânico muitas vezes é confundida com algo físico, a vítima acredita ter tido um infarte, um problema de pressão, uma crise isquêmica. Isso é devido também à intensidade dos sintomas do pânico, mas também às características em comum das pessoas que vivem essa situação: tendem a se colocar muito distantes do próprio ser, do próprio interior, sentir tensão, estresse, insatisfação, mal-estar, a ponto de não reconhecê-los mais e confundi-los com sintomas físicos.

Existem grandes diferenças entre ansiedade e pânico: imaginem o nosso mundo interior como um mar. A ansiedade pode ser vista como as altas ondas do mar agitado, imaginando a angústia que sentimos afastados da praia e percebendo o mar crescer. O pânico parece com a chegada de uma onda de força descomunal. O medo de sufocar, de ser tragado pela água, a respiração ofegante, a excitação, a sensação tremenda de não conseguir sair do turbilhão das águas. Se quando percebemos a ansiedade temos a forte sensação de perder o controle e de não conseguir chegar a salvo até a praia, com o pânico temos a verdadeira sensação de afogar. 

Ansiedade e pânico têm um efeito muito forte não somente sobre o comportamento, mas especialmente sobre a forma de lidar consigo mesmo. Enquanto o mundo externo aparece como inseguro, perigoso e sem pontos de referência certos, a pessoa ansiosa vive a própria situação com uma sensação de vergonha, vive se comparando continuamente aos outros, que enxerga seguros, fortes, sentindo-se assim diferente, incapacitada, impotente.

Poucos percebem que as mudanças podem ter também aspectos positivos: focar uma imagem de si mais verdadeira, autêntica, menos presa às aparências, como no passado.
Muitas pessoas que sofrem de ansiedade ou pânico chegam à consulta pedindo para "voltar a ser como antes", sem perceber que é por serem como eram antes que chegaram a sofrer dessa forma... Vivendo uma má relação com as próprias emoções naturais. Voltar ao antes seria loucura!

Ansiedade e pânico podem acometer todo mundo porque têm origem nos comportamentos e atitudes errados que cada um de nós pode ativar consigo mesmo. A imposição de viver em um espaço restrito, cheio de regras e obrigações, acumulando energia, se afastando do seu jeito de ser espontâneo, para viver um modelo artificial, falso, gera uma energia subterrânea reprimida e explosiva que, em certo ponto, vai se tornar um vulcão explodindo toda essa lava contra você mesmo.

Conceitos éticos muito rígidos, severos, em que o desencadear do pânico não é a causa, mas somente o efeito de algo que ficou acumulado por muito tempo se alimentando, cuja faísca se acende por um pretexto qualquer. “Se sou uma boa esposa, uma boa mãe, não posso ter certos pensamentos e fantasias, eu seria um monstro!”; “Se fosse um bom amigo não poderia recusar certas ações, que amigo seria?”; “Se sou um bom filho, não posso fazer o que quero porque seria mal-agradecido e faria meus pais sofrerem!”. 

É preciso perguntar a si mesmo: “O que tudo isso que está acontecendo comigo significa? Qual é a mensagem?”.

Seja curioso e busque respostas, várias respostas, as mais diferentes respostas.

Para começar a curar a ansiedade e o pânico, vamos adotar algumas regras simples e fundamentais:

- Não reaja, deixe. Não se oponha, aceite.

- Pare de combatê-lo e o observe.

- Deixe aparecer seu lado invisível.

- Perceba que está mudando… para melhor.

- Esteja pronto: vá atrás da sua verdadeira natureza.

Não reaja, deixe. Não se oponha, aceite.

Pare de procurar soluções para pôr de volta no lugar as coisas que não estão em ordem na sua vida. Foi ali que começou o seu pânico, a sua ansiedade. Confie nas suas sensações, na sua sensibilidade, deixando emergir sua autonomia, sua unicidade. Vem, ansiedade; vem, pânico. Venham, eu os acolho porque sei que são parte de mim e não querem me destruir. Deixo que vocês elaborem com o meu ser as respostas e as mudanças e aceito ser o terreno onde tudo isso vai acontecer. Não “dê para trás” nem mude radicalmente o seu jeito de pensar. Se até hoje o esforço era tentar fazer com que as crises durassem o menos possível, agora experimente o oposto, deixe-se levar e viva intensamente tudo o que está acontecendo. Aceite as respostas do seu corpo e não tenha medo. Você vai superar.

Pare de combatê-lo e observe-o.

Aceite a sua própria fragilidade: para muitos, é difícil se deixar levar, ceder o leme da própria vida, mas somente assim vão conseguir dar espaço ao timoneiro excepcional que é o seu mundo interior. Aceite que existe um de você forte e outro frágil, que podem conviver: para vencer a ansiedade e o pânico, é preciso definir uma trégua, parar de lutar, parar de se debater, de se reprimir, de se sufocar, de fazer força. Assim como o náufrago que sobrevive a partir do momento em que para de nadar contra a correnteza, cansando e se esgotando, se deixando levar, flutuando enquanto recupera as forças e define uma estratégia. Comece a observar com atenção as sensações que sente no momento da crise, quais as emoções que aparecem, quais os pensamentos, o que acontece ao seu redor. Observe o seu mal-estar sem querer intervir, sem querer mudar, desperte a curiosidade em você mesmo. Não tenha medo de que as crises voltem. Em um ambiente seguro e protegido, elas são benéficas, ajudando você a se conhecer melhor.

Deixe aparecer seu lado invisível. 

Ansiedade e pânico são, no fundo, ações que você segurou e que voltaram deformadas. Quando por exemplo alguém a agride e você quer revidar, mas se segura, prevalece o autocontrole: sente a raiva e, mesmo que não consiga expressá-la, encontra um meio natural para desabafar, talvez xingando um pouco. Isso seria bem diferente se, em função do fato de se considerar uma pessoa fina e educada, achasse que xingar e revidar é errado: dessa forma a energia é bloqueada e a raiva, escondida. Se esse mecanismo se repete continuamente, cria-se um curto-circuito e as tensões acumuladas começam a circular pela sua mente sem fim e sem metas, acompanhando permanentemente o seu tempo e o seu dia a dia. Quando menos você espera, tudo isso emerge e, sem perceber, nos machuca.

Aceitar aspectos opostos e às vezes contraditórios de você ajuda a perceber que a vida não é uma bifurcação onde é preciso sempre tomar uma atitude certeira: o pânico é sempre o resultado de uma escolha forçada. Não precisa mudar todo o seu esquema de vida, ser radical: é suficiente se deixar levar e promover aquelas pequenas mudanças que aparecem naturalmente.

Perceba que está mudando… para melhor.

Nessa fase do processo é comum que o próprio passado apareça sob uma ótica diferente e nem sempre positiva. Fique tranquila, não desanime. Você não errou tudo na vida, errar é natural e faz parte do nosso aprendizado, enriquecendo a nossa vida e nos tornando mais sábios e completos: foram os erros que nos trouxeram até aqui e fazem parte do nosso valor agregado. Os sintomas de ansiedade e pânico têm um significado analógico e simbólico mais profundo. 

Medo de sufocar: existia um lado seu que a estava sufocando e outro ao qual faltava oxigênio, o espaço vital para se expressar de forma espontânea e livre.

Vertigens: representam a necessidade de “perder a cabeça”, de se deixar levar, de perceber as falsas certezas e de que já está na hora de mudar as perspectivas.

Medo de morrer: revela que a sua vida é muito estática, como se fosse morta. Simbolicamente, deve deixar morrer o lado “velho” de você e se envolver com o novo.

Taquicardia: é uma mensagem do coração, que bate mais alto para ser ouvido. Quer decidir a quem amar e quem frequentar, além do controle racional.

Medo do carro, das galerias, do trem: é o medo de sair dos trilhos, de se deixar levar pelos instintos, de trazer à superfície o lado obsuro. É como se algo em você falasse: “Vem, pânico, me deixe desviar um pouco”.

Esteja pronta, vá atrás da sua verdadeira natureza.

Novos pensamentos e novas ideias vão surgindo, às vezes assustadores, por serem diferentes do que estava acostumada a processar a seu respeito. Não os tema, são um sinal muito positivo de evolução. Recupere a simplicidade e a naturalidade perdidas, simplifique as coisas da sua vida; abandone aquela edificação mental na qual se fechou sozinha, a pessoa controladora, a que decide, a que não precisa pedir…

Assim vai adquirir novos interesses, se tornará mais completa e terá dissolvido o pânico e a ansiedade no espaço infinito.




Nenhum comentário:

Postar um comentário