Não? Você não é a única. Mesmo
livres, as mulheres se cobram cada vez mais pelo que não dão conta - o que só aumenta a pressão, a culpa e a busca
pela perfeição
Fazer as unhas, marcar reunião, agendar uma consulta, ligar para a
amiga, ir ao mercado, responder e-mails, comprar remédio, levar, buscar e dar
atenção aos filhos, ao marido, aos pais, fazer comida, ir à academia, planejar
as férias e comprar o presente de casamento da prima. As listas feitas pelas
mulheres, seja em post-its, iPhones ou num pedaço de papel preso à geladeira,
têm de tudo. O resultado, porém, não é uma rotina repleta de satisfações, mas
uma lembrança permanente de um cotidiano sem fim e um sentimento de culpa por
(claro!) não conseguirem dar conta daquilo que, num delírio feminino coletivo,
“teriam” que completar. Todos os dias.
O desafio pra todas é achar o equilíbrio entre o que gosta e o que
precisa. Mesmo com o dia tomado de
atividades, precisamos nos prende ao que ainda não conseguimos encaixar na
agenda já lotada.
A melhor caracterização da mulher moderna é a mulher
elástica. O “modelo” no qual nos espelhamos começou a
existir a partir da década de 50, quando a mulher começa “a deixar o espaço
privado, doméstico, para ocupar o espaço público. Daí em diante, se inicia um
acúmulo de atividades domésticas, sociais e profissionais muito bem
representado pela mulher elástica, que se estica para além dos limites humanos
para dar conta de tudo”, afirma. Mas para que tudo isso? As mulheres passaram
os últimos anos conquistando seus direitos e cargos e agora parecem presas a
essa liberdade, como se desistir, negar ou priorizar representasse certo
fracasso.
A culpa faz parte, mas, se tivermos claro que a
cultura é assim, e não nós, já lidaremos com isso de outra forma. Para
ele é importante que esse sentimento, de não conseguir ser a mulher elástica,
não seja profundo e angustiante. Precisamos aprender a dizer ‘ou’ em vez de
‘e’. Escolher não faz de ninguém uma pessoa pior.
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